Ney Ferraz Paiva havia lançado um desafio – retornarmos à forma entrevista. Digo ‘retornar’ porque havíamos nos exercitado a ela há alguns anos atrás no que se tornou ‘anexo’ em meu livro "antonin artaud, meu próximo". Fora uma sensação ótima a de receber os desafios de Ney por e-mail - a forma ‘pergunta’, e a possibilidade de escrever na direção a que eu me lançasse. Isto porque Ney tem a arte de sugerir questões que não te sufocam à quadra da resposta. Anos se passaram, e creio que foram muitos os percursos que foi ganhando o meu trabalho de pesquisa e de escrita – o ingresso à América Latina e as cartografias do horror que a ela se destilaram desde as experiências recentes das ditaduras cívico-militares; os encontros apaixonados com as obras literárias de autores que fui descobrindo: Ernesto Sabato, Haroldo Conti, Paco Urondo, Rodolfo Walsh, Juan Gelman. E tantas outras coisas como os mergulhos ao cinema, a leitura dos filmes, certas outras descobertas, Cioran, José Lins do Rego, o trabalho com a literatura de testemunho, os testimonios de aqui nós os de latinoamérica. Muita coisa estava por ser repensada do que eu tinha feito há anos, muita coisa a ser delineada no que eu me dou ao trânsito, muita coisa a este olhar que acena adelante.
André Queiroz
"A CORAGEM DA VERDADE" ANDRÉ QUEIROZ POR NEY FERRAZ PAIVA |